A Câmara de Viana do Castelo quer um investimento na linha do Minho com as verbas do TGV. Quem anda de comboio concorda devido, dizem, à diferença do serviço em relação a outras cidade, nomeadamente, ao nível de horários e da qualidade das carruagens.
"Há poucos horários, o que complica muito as deslocações", disse Maria de Lurdes, enquanto, aguardava na estação de Viana, a chegada do comboio. Utilizadora semanal do comboio, Maria de Lurdes aponta os principais problemas da Linha do Minho: "Os comboios são poucos e os horários têm pouca flexibilidade".
Uma das queixas de quem viaja para o Porto é de que nem sempre tem a garantia que o fará directamente, pois por vezes há transbordos em Nine (Famalicão). "Tento ir nos directos, mas quando mudo de comboio sinto uma grande diferença. As carruagens são mais modernas e confortáveis", aponta Carolina Rodrigues. Essas composições a que se refere são as da ligação entre Braga e Porto, uma linha que tem mais passageiros e viagens. "Acredito que se houvesse mais horários e condições, os comboios seriam mais usados", diz ainda.
Esses argumentos são partilhados pela autarquia vianense, que exige "a afectação das verbas não utilizadas na ligação da alta velocidade entre Porto e Vigo para a modernização e electrificação da Linha do Minho". "A electrificação vai potenciar o aumento da utilização da rede ferroviária, traduzindo-se em ganhos significativos na qualidade de vida e oportunidades para a população de Viana do Castelo e do Alto Minho", salientou o presidente da Câmara, José Maria Costa, numa solicitação efectuada ao ministro das Obras Públicas.
Para o edil, é "urgente" a modernização e electrificação da linha, dotando-a das características técnicas da restante infra-estrutura que suporta a rede de comboios urbanos da CP e para que os serviço seja alargado "com o mesmo grau de qualidade e fiabilidade" a Viana do Castelo e a Barcelos.
José Maria Costa recorda que a modernização da Linha do Minho está prevista no Plano de Investimentos da REFER na zona Norte e está referenciada como prioridade no Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte, sendo igualmente fundamental a integração de Viana do Castelo no "serviço de urbanos".
A tomada de posição do autarca surge das "dificuldades tornadas públicas para o arranque e financiamento da Linha de Alta Velocidade entre o Porto e Vigo, mas também da necessidade de modernizar a Linha do Minho".
Tendo em conta o tráfego e as zonas que atravessa, a Associação de Utentes dos Comboios de Portugal considera a linha "obsoleta em infra-estruturas e em material circulante". Rui Rocha, do núcleo da Linha do Minho daquela associação, considera ainda que, tal como está, a linha "não consegue ser alternativa ao automóvel".
"Havia medidas que poderiam ser aplicadas desde já para melhorar o funcionamento, como a melhoria dos horários, pois a maioria das viagens tem mudanças em Nine, o que obriga a que os passageiros fiquem, muitas vezes, à espera de ligação mais de 20 minutos", diz Rui Rocha, que quer também a melhoria das composições porque "avariam muito".
"A solução final passa claramente pela electrificação e duplicação da linha para evitar cruzamentos nas estações". Se tal acontecer, Rui Rocha não tem dúvidas de que o número de passageiros aumentará, dando o exemplo de Guimarães que, depois da alteração da linha, viu o tráfego crescer substancialmente.
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