O arguido no caso do homicídio de um jovem estudante em Vila Praia de Âncora, Caminha, no final de uma festa de aniversário, confessou hoje a autoria das facadas mortais mas garantiu que não teve intenção de matar.
Atualmente com 21 anos, o arguido manifestou-se “profundamente arrependido” e alegou que os factos aconteceram depois de uma longa noite de copos, que durou desde as 22:00 até depois das 03:00.
“Não sabia o que estava a fazer”, confessou.
Disse ainda que desferiu as facadas depois de, na sequência de uma discussão por causa do alegado furto de um telemóvel e de um perfume da namorada no apartamento onde decorreu a festa, a vítima o ter agarrado pelo pescoço.
Segundo alegou, sentia-se “sufocado”, não só por causa do “garrote” de que estava a ser vítima, mas também do gás pimenta que um dos convivas terá lançado no apartamento.
“Estava descontrolado”, acrescentou, garantindo que nunca teve a intenção de matar.
A vítima tinha 24 anos e era estudante de Educação Física no Instituto Superior da Maia.
Os factos remontam à noite de 24 para 25 de abril de 2010, quando mais de três dezenas de jovens se reuniram num apartamento em Vila Praia de Âncora para comemorar o aniversário de três deles.
A festa reuniu dois grupos: um de estudantes da Escola Tecnológica, Artística e Profissional (ETAP), de que fazia parte o arguido, e outro oriundo do Porto, onde se encontrava a vítima.
No final da festa, precipitado pela chegada da GNR face às queixas de ruído excessivo por parte dos vizinhos, o arguido e a vítima envolveram-se numa zaragata, por causa do alegado furto de um telemóvel e de um perfume no apartamento.
Segundo a acusação, o arguido pegou numa faca com 11 centímetros de lâmina e espetou-a por quatro vezes na vítima, perfurando-lhe o coração, os pulmões e o esterno.
A acusação diz que o arguido pegou na faca que estava em cima de uma mesa para cortar o bolo de aniversário, mas este garante que andou toda a noite com a faca no bolso, para abrir as garrafas de cerveja.
Os amigos meteram a vítima num automóvel para a levarem ao hospital de Viana do Castelo, mas na zona de Carreço tiveram um acidente.
Nessa freguesia, “ainda com sinais vitais”, a vítima foi transferida para uma ambulância, mas acabaria por morrer na viagem até ao hospital.
Enquanto isso, a faca do crime seria, depois de devidamente lavada, usada para cortar um dos bolos de aniversário, já no dia 25.
O Ministério Pública acusa o arguido de ter agido com “total desrespeito pelo valor da vida humana” e “total desprezo pelo estado da vítima”, já que, depois das facadas, recolheu ao apartamento, sem se preocupar em pedir socorro.
Além da condenação pelo crime de homicídio qualificado, que pode ser punido com uma pena até 25 anos de prisão, o Ministério Público pede ainda a pena acessória de expulsão do arguido, cabo-verdiano, do país.
A família da vítima pede uma indemnização de 220 mil euros.