Os municípios do Vale do Minho estão de olho no apetecido ciclóstomo, pretendendo utilizá-lo como factor de desenvolvimento da região. A partir do próximo sábado, a lampreia passará a reinar à mesa. Pescadores aludem a um início de época "fraco" no rio Minho e "positivo" no rio Lima.
A certificação da lampreia do rio Minho apresenta-se como um dos principais objectivos de um evento que autarquias e entidade regional de Turismo dão, hoje, a conhecer: A lampreia do rio Minho/Um prato de Excelência.
Dezenas de restaurantes dinamizam, entre este mês e o próximo, o programa, que pretende contribuir para captar turistas e diminuir a sazonalidade da região, proposta que assenta em recurso com "forte impacto na economia local e que importa, sobremaneira, valorizar", assegurou, a propósito, o presidente do Turismo do Porto e Norte, Melchior Moreira.
"Este é, claramente, um objectivo estratégico, pelo que temos de nos bater por isso. Apresenta-se, mesmo, como fundamental", apontaria o dirigente sobre a certificação do ciclóstomo saído das águas do rio internacional.
Quanto a capturas, os pescadores do rio Minho mostram-se apreensivos com o começo da época, considerando-o "mais fraco" que a do ano passado.
"Apesar de tudo, pescou-se mais no primeiro mês do ano passado. Esta época não começou bem. Nem perto disso", vaticinou, ao final da manhã de ontem, Vítor Hugo, de Seixas, Caminha, enquanto limpava as redes após uma madrugada passada no estuário do Minho. O esforço valer-lhe-ia seis exemplares, "entre lampreias grandes e pequenas, mas o preço também já começou a descer, para mal dos nossos pecados".
Segundo Paulo Rego, também de Seixas, de 25 euros pagos no começo da época por uma lampreia "grande" e 15 por uma "pequena", os valores "começaram já a vir para os 20 e 10 euros", respectivamente.
Um pouco mais a norte, em Vila Nova de Cerveira, onde uma dúzia de embarcações se dedica à faina do ciclóstomo, o juízo é, em tudo, semelhante. "Este mês foi fraco. Pior que o do ano passado. Agora, quanto ao resto da época, só o futuro o dirá", evidenciou Miguel Castro.
Diferente opinião sobre o primeiro mês de faina - que arrancou no passado dia 3, prolongando-se até Abril - emite José Ferreira, pescador de Darque, em Viana do Castelo: "Há mais lampreias que no ano passado. A procura, essa, é que poderá não ser tanta", assinala, dando conta que o preço, ali, de uma lampreia "grande" ronda os 30 euros. "As nossas lampreias sempre foram mais valorizadas que as do rio Minho", esgrime.
O programa a desenvolver até finais do próximo mês nos concelhos do Vale do Minho - que compreende animação diversa, com relevo para a realização de um rali, em Monção -, visa, também, a criação de uma confraria gastronómica do ciclóstomo.