O distrito de Viana do Castelo, com os seus dez concelhos, tem 290 freguesias, mas, destas, 125 têm menos de 500 eleitores, e, em Caminha, três juntas chegam apenas aos 230. Em contraponto, há uma freguesia na cidade de Viana com mais eleitores do que concelhos inteiros do distrito.
Segundo dados recolhidos pelo DN, esse é o caso da freguesia de Santa Maria Maior, em Viana do Castelo, que com os seus 9985 eleitores, assume uma dimensão maior, por exemplo, do que todo o concelho de Vila Nova de Cerveira (9023) ou Paredes de Coura (9756). Neste último concelho, 13 das 21 freguesias têm menos de 500 eleitores, sendo que na aldeia de Porreiras esse número é de apenas uma centena. Em Vila Nova de Cerveira, das 15 freguesias, oito têm menos de meio milhar de eleitores, número que em Gondar chega apenas à centena e meia.
Ainda mais claro é o exemplo de Caminha, onde das suas 20 freguesias, nove têm menos de 500 eleitores. Destas, a serra d'Arga é um caso paradigmático, com as suas três pequenas aldeias. São elas Arga de Baixo (101), Arga de Cima (87) e Arga de S. João (59), e o presidente de uma das mais pequenas juntas de freguesia do País até não se importa de ver a fusão avançar: "A ideia até podia ter pernas para andar. Mas cada freguesia tinha de estar muito bem representada na nova junta, e, se calhar, esse seria o problema", afirma ao DN Marinho Gonçalves.
Aos 70 anos lidera a Junta de Arga de S. João há 30 e teme que o interesse das freguesias maiores "abafe" o das mais pequenas. "Estas freguesias sempre viveram na miséria, até que chegaram as eólicas. O meu receio é que o interesse das freguesias maiores seja esse: o dinheiro", acrescenta.
Isto porque só nas vizinhas Arga de Baixo e Arga de Cima já estão instalados dez aerogeradores e em 2011 deverão chegar mais cinco, para Arga de S. João. Contas feitas, cada torre pode render anualmente 15 mil euros às juntas. "Tenho um orçamento de 30 mil euros, para melhorar uns muros e pouco mais. Agora imagine a importância que essas rendas têm", diz ainda Marinho Gonçalves.
Esta contabilidade, entre freguesias grandes e pequenas, volta agora a estar em cima da mesa, com a possibilidade de fusão, seguindo o exemplo do que está a ser feito em Lisboa.
Entre outros exemplos (ver caixa), na fronteira minhota com Espanha, em Valença, a segunda cidade do distrito, há apenas 13 932 eleitores inscritos nos cadernos, em 16 freguesias, mas seis não chegam aos 500 eleitores.