O caso foi revelado ontem pelo DN e agora confirmado publicamente pela autarquia de Viana do Castelo, ou seja, a construção do polémico Coliseu da cidade, obra de 13 milhões de euros lançada ainda sem financiamento pelo anterior líder socialista, Defensor Moura, foi suspensa por falta de dinheiro da câmara para assegurar o resto dos trabalhos.
Assim, pelo menos nos próximos quatro meses, os trabalhos não deverão ser retomados pela empresa Martifer, com a qual a câmara, liderada pelo socialista José Maria Costa, acaba de acertar a "suspensão", por "mútuo acordo", da empreitada por aquele período. "Estivemos a analisar toda a situação antes de tomar qualquer decisão", explicou o autarca ao DN.
A suspensão, acrescenta a câmara, "assenta nas dificuldades económicas sentidas pelo município, associadas aos cortes das transferências de verbas do Estado", pelo que "pretende não colocar em causa a estabilidade financeira da autarquia, nomeadamente no cumprimento de compro- missos na educação".
Isto porque a empreitada já custou mais de 6,2 milhões de euros aos cofres do município, o que, juntamente com a ausência de fundos comunitários e a impossibilidade de contrair novos empréstimos, motiva a suspensão. Para a conclusão da estrutura e arranjos exteriores ainda são necessários mais sete milhões de euros. José Maria Costa sublinha que a obra foi adjudicada a 21 de Dezembro de 2007, e, já devido à ausência de financiamento comunitário no início do processo de construção, foi contraído um empréstimo de 4,7 milhões de euros.
O problema, entretanto, foi a falta de programas comunitários para candidatar a obra, que obrigou a mais dois milhões investidos dos cofres do município. O autarca de Viana do Castelo também admitiu que teria si-do "mais prudente" esperar pela garantia do financiamento para lançar a obra, decisão tomada pelo antecessor socialista, mas num executivo que também integrava o agora presidente José Maria Costa.
Tal como o DN revelou na edição de ontem, o autor do projecto, Eduardo Souto Moura, não esconde a preocupação com a suspensão nos trabalhos, tendo em conta que sendo uma estrutura de ferro, já levantada junto à marginal, não poderá estar muito tempo sem cobertura. Já Defensor Moura, actual deputado pelo PS e que liderou o município até 2009, rejeita críticas à forma como geriu este processo. "Em 1993, quando cheguei à câmara, recebi várias obras feitas e por pagar, de milhares de contas. Eu deixei a obra a fazer-se e com dinheiro garantido para a construção durante um ano. Não deixei nenhuma dívida", diz o também ex-candidato presidencial.
Os vereadores da oposição à maioria PS é que já se congratularam com esta notícia. "Há anos que dizemos que seria um elefante branco. Ainda bem que houve bom senso", comentou o social- -democrata Carvalho Martins, vereador da oposição, e que durante as últimas autárquicas sempre defendeu tratar-se de um erro avançar com a obra sem financiamento garantido, além da preocupação com as "enormes" despesas de funcionamento.
Em construção, a 7,5 metros da margem do rio Lima, o Coliseu terá um recinto para a prática desportiva, e para outras actividades 3,44 metros abaixo do nível do solo. Tem uma área de implantação de 3792 metros quadrados, 70,1 metros de comprimento, 54,1 metros de largura e 9,12 metros acima do nível do solo, e contará com um espaço de jogo de 44 por 26 metros, com 1500 lugares para a assistência, sendo 1100 sentados em cadeiras e bancadas.
2 comentários:
Esta obra foi o verdadeiro bico de obra
Estes tipos andam a brincar com o nosso...
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