Valença: Arguidos no caso do desaparecimento de empresário galego foram absolvidos

O Tribunal Judicial de Valença absolveu hoje, por falta de provas, os quatro arguidos no caso do desaparecimento do empresário galego Guillermo Collarte, ocorrido naquele concelho em outubro de 1999.

O caso foi julgado por um tribunal de júri, constituído por três juízes e quatro jurados, que concluiu que 'não se fez prova' de que os arguidos tenham estado implicados no desaparecimento do empresário.


'Permanece uma dúvida razoável quanto à autoria dos factos e, na dúvida, resolve-se a favor dos arguidos', sublinhou o juiz presidente.

O advogado da família de Collarte, Rui Leal, não adiantou se vai interpor recurso, referindo apenas que primeiro vai 'ler muito bem' o acórdão, para depois decidir.

Os arguidos do processo eram o antigo vereador do CDS-PP na Câmara de Valença José Lopes Rodrigues, dois empresários galegos sócios de Guillermo Collarte e um português, com um longo cadastro criminal, que era acusado de ter sido o operacional do sequestro.

Este último arguido acabaria por ser detido pela GNR no final da leitura do acórdão, para cumprir a pena de três anos e oito meses de prisão a que fora condenado pelo tribunal de Ourense, na Galiza, por ameaças à filha de Collarte, feitas em 2003.

O caso remonta a 05 de outubro de 1999, quando Guillermo Collarte, que na altura tinha 72 anos, se deslocou a Valença para uma reunião de negócios com os sócios arguidos neste processo e com José Lopes Rodrigues, no edifício do mercado municipal, cuja construção estava em curso na altura.

Daí, segundo a acusação, “e num plano previamente concebido”, os sócios convenceram Collarte, cujo estado de saúde era 'muito delicado', a ir até ao terreno do antigo Hotel Valenciano, próximo da estação de caminhos de ferro de Valença, juntamente com José Lopes Rodrigues.

Este, alegando que iria buscar uns papéis, terá deixado Collarte sozinho, aparecendo então o indivíduo contratado para o raptar, que o meteu no carro e o levou para parte incerta, desconhecendo-se até hoje o paradeiro do empresário.

O objetivo do sequestro seria extorquir a Collarte 150 milhões de pesetas, exatamente a quantia que ele teria para receber pela expropriação de uns terrenos em Santiago de Compostela, para construção de um hospital.

No entanto, o tribunal considerou a acusação 'totalmente improcedente'.

'Não há certezas do que aconteceu a Guillermo Collarte, se está vivo ou morto, se se ausentou por iniciativa própria, se está sequestrado', disse o juiz presidente.

Sublinhou ainda que os arguidos 'não tiveram qualquer vantagem' com o desaparecimento de Collarte e que, após os factos, também não há notícia de qualquer pedido de resgate.


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